
São Paulo, 13/10/2007 -
Amigos aplaudem Paulo Autran ao final do velório do corpo do ator na Assembléia Legislativa de São Paulo.
É com grande tristesa que as cortinas da vida se fecham pela última vez para um ícone da TV, do Cinema e principalmente do teatro brasileiro.
Morre Paulo Autran.
Uma figura marcante em todos os seus trabalhos, que mostrava em cena toda simplicidade e ao mesmo tempo todo o requinte profissional que todo ator deveria ter.
Hoje a arte perde aqui na terra um de seus precursores, alguém que levava sua profissão como um baluarte a favor da classe.
Deixo aqui minhas sinceras homenas a alguém que foi e sempre será um marco na história da dramaturgia brasileira.
W.Rosni
Repercussão:
Veja o que as personalidades disseram sobre Paulo Autran:
Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia Lula da Silva
"Recebemos com imensa tristeza a perda do nosso grande ator Paulo Autran. Ele nos deu o privilégio de apreciar o seu talento em momentos inesquecíveis do teatro, do cinema e da televisão. Paulo Autran engrandeceu a dramaturgia e o Brasil com suas interpretações, que fizeram rir, chorar e refletir. Atuou até seus últimos dias e deixará um vazio que muito sentiremos na cena brasileira. Temos certeza que, de alguma forma, ele estará presente como exemplo de talento da arte dramática para os atores mais jovens."
Eva Wilma
"Paulo Autran era um homem admirável. Autran não era só um amigo pessoal. Era um excelente diretor e parceiro de palco com quem eu tive a honra de trabalhar."
Adriane Galisteu"É impossível descrever Paulo Autran. Paulo é imortal. A obra dele é imortal. Ele será lembrado por todos os brasileiros. Todos os teatros deveriam fechar neste fim de semana em luto a ele. Por outro lado, deveríamos estar em cima do palco, como ele considerava ideal."
Aguinaldo Silva
"A lição que ele deixa para os atores jovens e de talento é a coragem de ter trabalhado no teatro até o fim da vida. Sempre se pôs desafios. Nunca achou que já tinha feito o suficiente."
Felipe Hirsch
"Perdemos um mestre. Ele era um caso de amor no teatro. Ele não queria parar. Era espirituoso e observador. Ele nunca abdicou do texto nem por um segundo. Cada minuto era valioso."
Jonas Bloch
"Ele é um ícone do teatro, todos deveríamos tirar o chapéu para ele. Infelizmente não atuei no teatro com ele, mas acompanhei dezenas de suas peças. Ele foi um mestre."
Cleyde Yáconis"O Teatro vem abaixo sem Paulo Autran. Perdemos o homem da palavra. Teatro para ele era uma vida, uma missão, que ele cumpriu muito bem. Acabou-se o teatro da palavra."
Denise Fraga
"Ele é fundamental. Foi de extrema importância na formação dos atores. gente fica triste porque está perdendo uma pessoa querida. Mas hoje, nós atores, ganhamos uma estrela do teatro no céu para olhar pela gente."
Cao Hamburger
"Eu precisava de um ator que tivesse peso e carisma para que, em uma participação rápida, contaminasse o filme com sua ausência."
Taumaturgo Ferreira
"Ele teve uma carreira e uma vida invejáveis. Fez o que quis e não se privou de nada. Ele era o rei do teatro, mas ao mesmo tempo era uma pessoa humilde."
Bibi Ferreira"Pedi que ele parasse de fumar. Ele sempre lutou e sempre venceu. Toda vida Paulo só fez bom teatro. Ele dizia 'sou apenas um homem do teatro'. Ele ainda estava no auge de sua carreira."
Fernanda Montenegro
"Fizemos da TV uma caixa de teatro. uma figura emblemática do nosso teatro. Muito ligada ao palco. Não tem substituição. Na hora em que ele vai embora, vemos como ele era importante. Vim aqui chorar junto. Sentir falta dele junto."
Senador Suplicy
"Muito obrigado Paulo Autran por tudo que você significou."
Juca de Oliveira"Isso foi uma passagem apenas. Ele deve estar lá organizando espetáculos para fazer no céu."
Edson Celulari"Autran é um homem que deixa um exemplo de pessoa. Ele tinha seriedade ao encarar o valor essencial e político do ator."
CarreiraPaulo Autran nasceu em 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro. Mudou-se ainda pequeno para São Paulo, onde viveu desde então. Formado em Direito pela Universidade de São Paulo, chegou a abrir um escritório antes de assumir a carreira artística.
O ator tem uma das mais premiadas e elogiadas carreiras das artes brasileiras. A estréia nos palcos aconteceu ainda amador em dezembro de 1949 com o espetáculo Um Deus Dormiu lá em Casa. Em 2006, fez sua 90ª peça de teatro, O Avarento, texto de Molière.
O "Senhor dos Palcos", como era conhecido, passou por todos os gêneros do teatro, de musicais e comédias a dramas, de autores clássicos a contemporâneos. De Shakespeare, fez Coriolano, Rei Lear. De João Cabral de Melo Neto, interpretou Morte e Vida Severina.
Entre seus personagens marcantes estão Othelo, Rei Lear, Édipo e o Avarento, entre tantos outros.
Nas últimas duas décadas, Autran era considerado o maior artista vivo dos palcos brasileiros. Com 60 anos de carreira, Autran estreou em 2006 sua 90ª peça, O Avarento, de Molière, que ficou em cartaz até meados deste ano.
O trabalho veio na sequência de Adivinhe quem Vem para Rezar, do jornalista e autor estreante Dib Carneiro Neto.
O ator, que havia passado recentemente por diversas internações, incluindo uma no começo deste mês e outra em abril, o que não o impediu de seguir atuando em O Avarento quando recebeu alta.
TVPaulo Autran estreou na TV com a amiga e parceira de teatro Tônia Carrero no programa na TV Tupi que deu origem ao humorístico Alô Doçura. Sua estréia em novelas foi com Gabriela Cravo e Canela, em 1960, como Tonico Bastos.
Na televisão, seus trabalhos mais marcantes foram o Nuno, de Pai Herói, Otávio Bimbo de Guerra dos Sexos (onde protagonizou uma antológica cena com uma guerra de comida com a atriz Fernanda Montenegro) e Aparício Varella, na novela Sassaricando.
O ator reclamava que nos últimos anos, só lhe ofereciam "papéis de débil mental" na televisão, e em 2004, após fazer uma participação na minissérie Um Só Coração, decidiu que não atuaria mais nas telinhas.
Seu último papel nas telinhas foi em uma participação como ele mesmo na minissérie Um Só Coração, de 2004.
CinemaNo cinema, Paulo Autran atuou em 21 filmes. Acostumado com os palcos de teatro, o ator chegou a ser premiado em 1987 como Melhor Ator no Festival de Brasília, por seu trabalho em O País dos Tenentes.
Autran também participou de um dos marcos do Cinema Novo, o filme Terra em Transe, de Glauber Rocha. O ator viveu Porfírio Dias no longa de 1967, um dos mais importantes filmes do cinema brasileiro.
Recentemente, participou dos longas A Máquina (2005) e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), filme escolhido para representar o Brasil no Oscar.